Finalmente fui a Xipamanine!
Xipamanine é
um mercado que tem mais de 40 anos e continua a ser muito popular. Conhecido pelas “ruelas” de mercados desorganizados, os
habitantes locais frequentam este bazar porque conseguem comprar produtos a
preços acessíveis.
Já há algum tempo que
queria conhecer este mercado, mas existem muitos carteiristas e disseram-me que
não convinha ir sozinha. Assim que surgiu a oportunidade fui conhecer o
“coração” de Maputo. Sem nada de valor, lá fui!
Quase a chegar
levamos uma eternidade para percorrer 200m, chapas cheios de gente (meio de
transporte utilizado como autocarro, com capacidade para 9 a 12 pessoas e onde
se vê com frequência saírem de lá 20 pessoas ou mais), polícias que dificultam
ainda mais o trânsito, pessoas a atravessar a estrada constantemente, arrumadores
que vão ao encontro dos automobilistas, a estrada enlameada, lixo e restos de
comida no chão, confusão total!
Estacionamos o
carro e vejo centenas de pessoas. À entrada existem lojas de capulanas e entro
para constatar os verdadeiros tesouros de desenhos e padrões de que me falaram.
Confirmadíssimo, comprei 6 capulanas!
Ao sair, como
que a fazer a transição para outra zona, estão alinhados alguns homens sentados
nas suas máquinas de costura a realizar todo o tipo de trabalhos, não vi uma
única mulher, achei curioso.
Há uma zona
que vende camas, passei também por uma ourivesaria num “quiosque” que diz vender
alianças para casamentos. Humm… Ouro? Não me parece…
Quando começo
a subir o mercado, vejo num dos lados meninos a realizarem autênticos trabalhos
de manicure. Mais uma vez todos do sexo masculino. Cada um com o seu material devidamente organizado, composto por frascos de verniz de todas as cores encaixados
numa tábua de madeira. Contei 19 mulheres sentadas lado a lado como se
estivessem num salão de beleza a tratar as mãos e os pés!
Vamos entrando
e a confusão aumenta! Na rua não há espaço para mais vendedores, mas parecem
nascer ali e surgem cada vez mais! Os corredores estreitos permitem a passagem
apenas a uma pessoa. Encontra-se de tudo, existem zonas de roupas usadas da
“calamidade” (doadas por Portugal e que são vendidas aqui), cortinados, produtos
naturais, ervas, especiarias, frutas, arroz, café, tabaco ainda por tratar
vendido em molhos, zonas com camarão seco, corais, produtos de feitiçaria,
perguntei algumas coisas que não sabia o que eram e havia de tudo, desde dentes
de leão e tubarão, pêlo de macaco, pau-preto e marfim, pó de chifre de rinoceronte, uma panóplia de artigos que infelizmente confirmam a continuidade da caça furtiva...
Dizem as pessoas que aqui vendem, que passam quase 24h por dia nas suas bancas
para não perderem o lugar. Alguns
produtos servem também para troca directa entre os próprios vendedores.
Eu queria
mesmo era sentir a realidade que se vive em Xipamanine, já que ouvi falar tanto
e por mais que descreva o que ali se passa, só lá estando para sentir o coração
bater mais forte!
Consegui levar
a minha máquina fográfica e voltar com ela, o que dizem ser uma raridade… A verdade é que não senti qualquer tipo de perigo enquanto lá estive, por tanto, tenho
algumas imagens do famoso Xipamanine, tiradas by me!
África é
genuína e são estas experiências que me fazem gostar mais e mais desta terra
tão quente em sensações!