13 de janeiro de 2014

Baratas


 
Dias antes de vir para Maputo tinha algumas questões que eram um verdadeiro “bicho-papão” na minha cabeça. Os mosquitos e consequentemente a Malária, os répteis, o lixo nas ruas, as baratas que todos diziam existir, fiquei completamente horrorizada.

A verdade é que desde que cheguei a Moçambique me fui abstraindo dessa realidade. A Malária deixou de me assombrar, sei os cuidados a ter e isso basta. Passei a ter uma osga de estimação, salvo seja, pois por mais que seja empurrada para fora da varanda, no dia a seguir lá está ela no mesmo sítio e quando chove, não sei como, entra dentro de casa e permanece imóvel no tecto da casa de banho, só dou conta porque o Merlin (o meu gatinho) dá o alerta a qualquer ser que invada o seu território e felizmente para mim, sei de imediato quando tenho visitas indesejadas dentro de casa.

Posto isto, passei a ter uma atitude muito mais descontraída com a fauna de Moçambique e até vou ao encontro dos lagartos gala-gala que se cruzam no meu caminho. Baratas, nunca tinha visto nenhuma até há dois dias atrás.

Estava eu em casa, abro a porta da varanda e entra qualquer coisa para a sala. Uma barata!!! Pára tudo! Soltei um grito, subi para o sofá que estava mesmo ali e começo aos saltos com receio que estivesse em cima de mim. O meu marido não parava de rir, o Merlin corria atrás dela, parecia um filme! Até ao momento em que a bela baratinha resolve voar! Ficámos os 3 parados a olhar e foi o pânico, o meu claro!

Depois de nos vermos livres da bela criatura, fui ver a casa toda, não fosse ter vindo acompanhada. Parece ter sido a única. Detesto-as (acho que toda a gente partilha do mesmo sentimento) são rápidas, silenciosas, muito feias e ainda por cima voam!

Mas a saga da barata não termina aqui. No dia seguinte quando estou a sair com o carro do estacionamento, vejo que estavam cerca de 10 baratas ou mais,  exactamente no sítio onde tinha o carro. Socorro! Numa fracção de segundos pensei que alguma poderia ter entrado para o carro. Saí porta fora e afastei-me saltitando (depois de ver que as baratas moçambicanas voam, o melhor é estar o mais longe possível). Quando procuro pelos guardas, estão os 2 a olhar para mim com o ar mais admirado que já vi. Pergunto se não tinham visto as baratas e respondem com toda a calma típica daqui, que hão-de tirá-las. Pedi-lhes que as tirassem imediatamente e que estivessem atentos. Acho que se não lhes dissesse nada ainda estavam a olhar para mim.

A razão pela aparição destas maravilhosas criaturas é simples, nos últimos dias choveu bastante, as fossas ficaram entulhadas, as águas pluviais transbordaram e com elas as baratas vieram à superfície…

Pela primeira vez desde que aqui cheguei desejei estar na minha casa, em Portugal.

Só espero que o desentupimento das sarjetas se faça o mais rápido possível, mas a avaliar por tudo aqui, temo que leve algum tempo até a cidade ficar livre destas visitantes indesejáveis…
Foi a minha estreia com baratas, nunca antes tinha visto alguma.

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