Dias antes de
vir para Maputo tinha algumas questões que eram um verdadeiro “bicho-papão” na
minha cabeça. Os mosquitos e consequentemente a Malária, os répteis, o lixo nas
ruas, as baratas que todos diziam existir, fiquei completamente horrorizada.
A verdade é
que desde que cheguei a Moçambique me fui abstraindo dessa realidade. A Malária deixou
de me assombrar, sei os cuidados a ter e isso basta. Passei a ter uma osga de
estimação, salvo seja, pois por mais que seja empurrada para fora da varanda,
no dia a seguir lá está ela no mesmo sítio e quando chove, não sei como, entra
dentro de casa e permanece imóvel no tecto da casa de banho, só dou conta
porque o Merlin (o meu gatinho) dá o alerta a qualquer ser que invada o seu território
e felizmente para mim, sei de imediato quando tenho visitas indesejadas dentro
de casa.
Posto isto,
passei a ter uma atitude muito mais descontraída com a fauna de Moçambique e até
vou ao encontro dos lagartos gala-gala
que se cruzam no meu caminho. Baratas, nunca tinha visto nenhuma até há dois
dias atrás.
Estava eu em
casa, abro a porta da varanda e entra qualquer coisa para a sala. Uma barata!!!
Pára tudo! Soltei um grito, subi para o sofá que estava mesmo ali e começo aos
saltos com receio que estivesse em cima de mim. O meu marido não parava de rir,
o Merlin corria atrás dela, parecia um filme! Até ao momento em que a bela
baratinha resolve voar! Ficámos os 3 parados a olhar e foi o pânico, o meu
claro!
Depois de nos
vermos livres da bela criatura, fui ver a casa toda, não fosse ter vindo acompanhada.
Parece ter sido a única. Detesto-as (acho que toda a gente partilha do mesmo
sentimento) são rápidas, silenciosas, muito feias e ainda por cima voam!
Mas a saga da
barata não termina aqui. No dia seguinte quando estou a sair com o carro do estacionamento,
vejo que estavam cerca de 10 baratas ou mais, exactamente no sítio onde tinha o carro. Socorro!
Numa fracção de segundos pensei que alguma poderia ter entrado para o carro. Saí
porta fora e afastei-me saltitando (depois de ver que as baratas moçambicanas
voam, o melhor é estar o mais longe possível). Quando procuro pelos guardas, estão
os 2 a olhar para mim com o ar mais admirado que já vi. Pergunto se não tinham
visto as baratas e respondem com toda a calma típica daqui, que hão-de tirá-las.
Pedi-lhes que as tirassem imediatamente e que estivessem atentos. Acho que se
não lhes dissesse nada ainda estavam a olhar para mim.
A razão pela
aparição destas maravilhosas criaturas é simples, nos últimos dias choveu
bastante, as fossas ficaram entulhadas, as águas pluviais transbordaram
e com elas as baratas vieram à superfície…
Pela primeira
vez desde que aqui cheguei desejei estar na minha casa, em Portugal.
Só espero que
o desentupimento das sarjetas se faça o mais rápido possível, mas a avaliar por
tudo aqui, temo que leve algum tempo até a cidade ficar livre destas visitantes
indesejáveis…
Foi a minha estreia com baratas, nunca antes tinha visto alguma.
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