19 de janeiro de 2014

Xipamanine


 
Finalmente fui a Xipamanine!
Xipamanine é um mercado que tem mais de 40 anos e continua a ser muito popular. Conhecido pelas “ruelas” de mercados desorganizados, os habitantes locais frequentam este bazar porque conseguem comprar produtos a preços acessíveis.

Já há algum tempo que queria conhecer este mercado, mas existem muitos carteiristas e disseram-me que não convinha ir sozinha. Assim que surgiu a oportunidade fui conhecer o “coração” de Maputo. Sem nada de valor, lá fui!

Quase a chegar levamos uma eternidade para percorrer 200m, chapas cheios de gente (meio de transporte utilizado como autocarro, com capacidade para 9 a 12 pessoas e onde se vê com frequência saírem de lá 20 pessoas ou mais), polícias que dificultam ainda mais o trânsito, pessoas a atravessar a estrada constantemente, arrumadores que vão ao encontro dos automobilistas, a estrada enlameada, lixo e restos de comida no chão, confusão total!

Estacionamos o carro e vejo centenas de pessoas. À entrada existem lojas de capulanas e entro para constatar os verdadeiros tesouros de desenhos e padrões de que me falaram. Confirmadíssimo, comprei 6 capulanas!

Ao sair, como que a fazer a transição para outra zona, estão alinhados alguns homens sentados nas suas máquinas de costura a realizar todo o tipo de trabalhos, não vi uma única mulher, achei curioso.

Há uma zona que vende camas, passei também por uma ourivesaria num “quiosque” que diz vender alianças para casamentos. Humm… Ouro? Não me parece…

Quando começo a subir o mercado, vejo num dos lados meninos a realizarem autênticos trabalhos de manicure. Mais uma vez todos do sexo masculino. Cada um com o seu material devidamente organizado, composto por  frascos de verniz de todas as cores encaixados numa tábua de madeira. Contei 19 mulheres sentadas lado a lado como se estivessem num salão de beleza a tratar as mãos e os pés!

Vamos entrando e a confusão aumenta! Na rua não há espaço para mais vendedores, mas parecem nascer ali e surgem cada vez mais! Os corredores estreitos permitem a passagem apenas a uma pessoa. Encontra-se de tudo, existem zonas de roupas usadas da “calamidade” (doadas por Portugal e que são vendidas aqui), cortinados, produtos naturais, ervas, especiarias, frutas, arroz, café, tabaco ainda por tratar vendido em molhos, zonas com camarão seco, corais, produtos de feitiçaria, perguntei algumas coisas que não sabia o que eram e havia de tudo, desde dentes de leão e tubarão, pêlo de macaco, pau-preto e marfim, pó de chifre de rinoceronte, uma panóplia de artigos que infelizmente confirmam a continuidade da caça furtiva...

Dizem as pessoas que aqui vendem, que passam quase 24h por dia nas suas bancas para não perderem o lugar. Alguns produtos servem também para troca directa entre os próprios vendedores.

Eu queria mesmo era sentir a realidade que se vive em Xipamanine, já que ouvi falar tanto e por mais que descreva o que ali se passa, só lá estando para sentir o coração bater mais forte!

Consegui levar a minha máquina fográfica e voltar com ela, o que dizem ser uma raridade… A verdade é que não senti qualquer tipo de perigo enquanto lá estive, por tanto, tenho algumas imagens do famoso Xipamanine, tiradas by me!

África é genuína e são estas experiências que me fazem gostar mais e mais desta terra tão quente em sensações!

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