17 de fevereiro de 2014

Rotina não existe

 

Chegou o tão esperado dia 14 de Fevereiro, o dia de São Valentim! Que é celebrado afincadamente pelos moçambicanos. Trânsito medonho, que quase não existe em Maputo, vendedores de flores que se triplicam pelas ruas da cidade e os restaurantes com reservas lotadas para o dia mais aguardado do ano!

Saímos para jantar, já preparados para voltar para casa se houvesse filas de espera intermináveis. Entrámos no Mundos, restaurante com um conceito agradável e que tem a particularidade de estar sub-dividido em 3 espaços diferentes, um pub estilo bar inglês, uma área com ecrãs gigantes e outro espaço mais reservado e intimista e claro mais procurado nessa noite. Todos eles em espaço aberto. Uma vez que não fazem reservas, aguardámos cerca de 20m e jantámos tranquilamente.

Tudo estava a correr bem, até começarem a aparecer visitantes indesejadas, as amigas baratas voadoras! Há pois foi, eu levantei-me assim que vejo a primeira, digo ao empregado e ele sorri e acena com a cabeça como quem diz, sim sim também já a vi, mas nada fez. A segunda visitante surgiu numa mesa em que estava um grupo de italianos e se começam a ouvir alguns gritos femininos, penso que essa terminou a vidinha dela mesmo aí… A terceira visitante da noite surgiu mesmo debaixo da nossa mesa e foi o casal da mesa ao lado que nos avisou. Ok, por hoje chega, sorte a nossa que já estávamos a terminar a sobremesa, pedimos a conta e fomos embora.

Estava também no restaurante um grupo de meninas, algumas pareciam ter menos de 18 anos, com ar de mulher fatal, todas com os seus vestidos vermelhos, bem maquilhadas a aguardarem a sua “sorte”. São as meninas das noites de Maputo. Passados 5m de se sentarem, são abordadas por europeus que procuram uma companhia feminina. É comum por aqui vê-los descontraidamente acompanhados por jovens moçambicanas.

Nos dias seguintes Maputo volta ao seu ritmo habitual. Excepto hoje uma pequena situação que aconteceu com a Luísa, a nossa empregada. Perto da hora de almoço recebo um telefonema do guarda a pedir que fosse com urgência para casa porque ela estava do lado de fora sem chave e com o "fogo aceso". Lá fui e quando chego está toda a gente do prédio na rua, vá lá que somos apenas 3 moradores e um se encontra de férias, por tanto estava  a minha vizinha, as duas  empregadas dela, a Luísa e os guardas. Mal abro a porta e a casa está cheia de fumo branco (frigideira com azeite ao lume) mais 2 minutos e não tinha a mesma sorte… A Luísa estava tão nervosa que nem conseguia olhar para mim. Coitada, não parava de se desculpar a dizer que desceu só para comprar alface. Expliquei-lhe que nunca pode sair de casa com o fogão ligado porque até se pode sentir mal e demorar mais tempo , exclamou um “aaah” que foi como quem diz “pois é, nunca pensei nisso”!

Depois de 1h com portas e janelas abertas o fumo desapareceu mas o cheiro medonho a azeite quente ainda ficou, eu que nem gosto de fritos, mas nesse dia a Luísa disse que ia fazer um prato novo de frango com ovo e estava tão entusiasmada que nem perguntei como era. Mas tenho a dizer que estava delicioso e tinha também preparado pêra-abacate com açúcar e limão (uma bomba calórica) que estava simplesmente divinal!

Por aqui a rotina não existe, cada dia é um dia diferente com as particularidades de uma terra africana.

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