24 de novembro de 2013

Capulanas


A capulana é um tecido característico de Moçambique, segundo dizem, foi trazido da India pelos portugueses no século XIX servindo como moeda de troca e permanece até hoje em todo o país. Mulher que se preze tem uma capulana, seja para vestir, para transportar o bebé nas costas, para a casa servindo como toalha de mesa, cortinado, o que for, a capulana existe em tecido sintético, seda e algodão com cores vivas e está presente no dia-a-dia moçambicano.
Utilizada largamente pela população local, é vendida nos mercados, mas existe uma loja especializada na venda destes panos. Fui à famosa Casa Elefante, onde criam a próprias capulanas e quando entro fico completamente fascinada com as centenas de capulanas que vejo expostas por toda a loja! Depois de olhar, observar e tentar imaginar que padrão ficará melhor para o que pretendo, decido pedir ajuda à empregada que em menos de 2m me traz alguns padrões. Comprei algumas capulanas e o resultado foram 3 calças e um vestido que me assentam como uma luva e uma mala para transportar o meu portátil!

Em Portugal, muitas vezes ir a um Centro Comercial fazer algumas compras, servia como distracção e deixava-me como nova! Aqui vou à feira de artesanato, o meu marido diz em tom de brincadeira que não entende como é que consigo ir ver as mesmas coisas, várias vezes!!! Mas acontece que em cada ida ao mercado vejo uma peça nova, uma tela ou uma escultura em pau-preto que me passou despercebida na visita anterior e fico a conhecer o significado da mesma. Para mim faz todo o sentido compreender esta cultura tão rica em costumes e tradições. Para não falar das capulanas que com as suas cores e padrões, envolvem o espaço com todo o seu esplendor.
Um dia destes estávamos a jantar numa esplanada e  passou um vendedor ambulante com uma tela que me chamou particularmente à atenção. As mulheres com o bebé nas costas, os chapas, o mercado, a cidade em movimento, o dia-a-dia de Maputo estava ali retratado. Comprei a tela e com ela a realidade da cidade em que vivo actualmente e que tanto me cativa!
Moçambique faz bem à alma!

17 de novembro de 2013

Maputo by night


 
Adoro esta hora do dia, em que o sol já se pôs e a noite ainda não caiu por completo,  o crepúsculo. A hora em que respiro fundo e faço a análise desse dia em todos os aspectos.

Normalmente vou a uma esplanada, pois o calor convida a isso mesmo e quase toda a gente faz o mesmo, entre as risadas das crianças que brincam no jardim e o cruzamento das conversas de café, ali estou eu, acompanhada ou não, mas sempre descontraída e tranquila, um efeito que Moçambique passou a ter em mim e me faz sentir tão bem!

Chegar a casa e dar atenção ao meu 4 patas é obrigatório e faz parte desde sempre. Assim que estou abrir o cadeado do portão, antes da porta de casa (normal por aqui) já está em posição de me saltar para os braços e depois de muitas festas e rom rons, a brincadeira segue-se e os próximos 20m são-lhe inteiramente dedicados.
Apesar de termos sempre o jantar já preparado, deixado pela empregada, por vezes apetece-nos jantar fora, e lá vamos a um dos restaurantes da cidade e acabamos por nos cruzar  sempre com alguém conhecido, Maputo não é grande e os locais frequentados tornam-se familiares.

Ir a um bar à noite durante a semana é também muito usual por aqui, uma vez que às 20h já podemos entrar para “beber um copo” e assistir a concertos que acontecem a determinados dias da semana nos vários bares da cidade. Chegamos a casa às 22h e parece que a noite foi longa! E no dia seguinte vamos trabalhar. É uma das coisas que me faz gostar muito de Maputo, aqui não se faz planos, cada dia vive-se de acordo com a nossa vontade e isso vale ouro, pelo menos para mim!

Passados exactamente 2 meses, começo a sentir-me em casa em terras de África!

11 de novembro de 2013

Macaneta


Dia 10 de Novembro é dia da Cidade de Maputo e por isso feriado, mas uma vez que este ano foi um Domingo, passou para 2ª feira... E fim-de-semana prolongado é sinónimo de sair de Maputo e aproveitar o sol!

Conhececi Macaneta, uma localidade que fica a pouco mais de 30 Km da cidade de Maputo.

A aventura começa logo quando atravessamos a curta distância do rio Incomati, através do batelão, uma espécie de jangada em ferro, sendo o único meio existente que faz a ligação entre Marracuene e Macaneta.

O rio é envolvido por pântanos e um processo aparentemente simples do carro entrar para o batelão, exige muito conhecimento e logística, pois dependendo da corrente do rio, o nível da água condiciona e muito a entrada e saída das viaturas para o batelão. Ora bem, os carros são escolhidos de acordo com o peso, primeiro os mais robustos de forma a permitir que os carros mais leves possam subir de seguida com maior facilidade evitando baterem com o pára-choques no chão, uma vez que a inclinação é muito acentuada, e quando me refiro a carros, são  jipes e 4x4, outros automóveis não conseguem passar sequer a 1ª etapa de ir a Macaneta (a do batelão) e as etapas seguintes que são uma verdadeira aventura em terrenos arenosos com uma altura considerada, o que impede muitos jipes seguirem caminho e terem que optar por caminhos mais acessíveis.

Nós seguimos apenas por intuição e deixámos à sorte a praia que iríamos ter acesso. Chegámos a uma praia deserta com uma extensão de areia infinita e conseguimos avistar ao longe grupos de pessoas, por tanto fomos dar a um local mais reservado e tivemos o privilégio de ficar numa praia “privada” e foi usar e abusar de banhos de mar quente até nos cansarmos, o que não aconteceu… Mas ao fim de algumas horas, decidimos ir procurar um restaurante para almoçar.
 
Encontrámos um Lounge, uma propriedade privada que para além de ter espaços destinados a tendas, tem bungalows na areia de acesso à praia e fiquei deliciada já a imaginar os maravilhosos fins de semana que poderei ali passar, conheci mais um paraíso em Moçambique!

A seguir ao almoço voltámos à praia, desta vez a de acesso pelo Lounge, mais frequentada, mas nem por isso menos simpática.

Renovei o meu brozeado e carreguei baterias para os próximos tempos.

Foi mais uma aventura em terras de África!

3 de novembro de 2013

Feira de Artesanato


Em Maputo existe uma feira de artesanato que está aberta todos os dias, um espaço vedado com várias bancas devidamente organizadas, onde encontramos verdadeiras obras de arte e também as famosas capulanas, incluindo as que têm a finalidade de quadro, que se encontram penduras, percorrendo o perímetro de toda a feira.

Existe ainda um mercado, que acontece semanalmente aos Sábados de manhã, que gosto particularmente de ir, onde muitos vendedores e artesãos expõem os seus trabalhos e onde encontramos também muitas peças à base de capulanas e foi engraçado pois fiz as minhas primeiras compras decorativas para a casa aplicando algumas palavras que aprendi em Changana.

Comecei por perguntar quanto custa I malè muni e depois de me responderem afirmo que está caro Xá dula e digo que não quero Nayála. Como não sei muito mais vocabulário para  argumentar, mostro o dinheiro que estou disposta a pagar e o vendedor começa-se a rir, talvez por ter achado piada ao facto de ter falado em dialecto, mas aceita e acabo por trazer duas capulanas quadro, feliz e contente, mais pelo facto de ter conseguido “negociar” em Changana!

Em qualquer mercado local, se não tivermos dinheiro certo para facilitar o troco, confiam em nós e dizem prontamente Há-de me vir dar amanhã e se voltarmos lá passado uma semana, acreditem que não se esquecem e aparecem para lhes darmos o que é devido. É uma situação comum por aqui, funciona assim mesmo quando estacionamos num sítio que não tem parquímetro e mal saímos do carro aparece sempre um rapaz que diz ficar ali a guardar o carro e quando voltamos, de facto está lá e aguarda ansioso por uns meticais e se o mesmo episódio de não termos moedas se repete, o processo é o mesmo e garanto-vos que não se esquecem nem da nossa cara nem do carro, comprovadíssimo!

Por aqui tudo se há-de fazer, tudo há-de acontecer, um dos verbos que usam bastante. A maneira como falam é curiosa, uma vez perguntei no supermercado se já tinham um produto que procurava há mais de uma semana e obtive como resposta ainda. Sabemos que a seguir vem sempre o não, logo aqui só dizem ainda.

E foi um episódio no Bazara (mercado)