29 de dezembro de 2013

Lisboa


 
Após algumas semanas de ausência, estou de volta!

Dezembro é para mim sinónimo de harmonia, calor humano, festa e alegria, mês do Natal e por isso, voei rumo a Lisboa! Foram dias intensos mas que passaram num piscar de olhos, as saudades da família e amigos já eram mais que muitas e soube tão bem receber abraços apertadinhos de quem mais gostamos!

Desta vez senti uma certa nostalgia enquanto preparava as malas de regresso, aquela estranha sensação de ficar com o coração apertado, apesar de gostar de viver em Moçambique, deixar para trás quem gostamos custa sempre…

Chegada ao aeroporto de Lisboa e começam as peripécias. 1ª fase no check-in com uma das malas com 4kg de excesso, eu que peso sempre as malas em casa e estão sempre dentro do que é permitido, desta vez não me apercebi. Lá tivemos rapidamente que fazer umas trocas e levar o excesso na bagagem de mão. 2ª fase na passagem pelo Rx, acusa um objecto estranho na minha mala, abriram, revistaram e após 5 passagens com a mala absolutamente vazia, chegaram à conclusão de que não era nada, como se não bastasse aquando da minha passagem acusa o sinal e fui escolhida aleatoriamente para ser revistada. 3º etapa, quando estamos finalmente sentados no avião, somos informados pelo comandante que o voo está com um atraso de 30m devido a congestionamento no aeroporto. Mas o que é que se passa??? Passado algum tempo lá iniciámos a nossa viagem e como se não bastasse houve forte turbulência a meio do voo durante mais de 20m consecutivos. Definitivamente esta viagem esteve do princípio ao fim em sintonia com a minha vontade em não deixar Portugal…

Chegada a Maputo mal saímos do avião, parece que nos falta o ar, 33graus às 22.20h, bem vinda a Moçambique! Fiquei contentíssima quando as minhas malas são das primeiras a surgir no tapete rolante e mais contente fiquei quando à saída não me pedem para abrir as malas, o que é coisa rara no aeroporto de Maputo…

Mal chego a casa tenho a minha bolinha de pelo à espera e eu cheia de saudades e fica a promessa de que nunca mais o deixarei tanto tempo longe de mim, da próxima vez viaja comigo! Ah, a Luísa deixou-nos preparado um jantar delicioso e um bolo de boas vindas. Caso para usar a expressão "esta Luísa não existe" mas é bem real e está em minha casa!

Já estou a entrar em modo Moçambique novamente e vou continuar a partilhar por aqui as minhas andanças por terras de África!

1 de dezembro de 2013

Devagar

  
Ser estrangeiro em Moçambique requer uma dose de paciência extra, tudo aqui demora uma eternidade, o atendimento ao público é feito devagar, a explicação que obtemos é vaga e se não contratarmos alguém entendido no tratamento dos processos de legalização, a obtenção do DIRE (Direito de Residência) por exemplo, pode demorar meses.

Quando fui levantar o meu documento, que desde há 2 semanas passou a ser obrigatório o levantamento pela própria pessoa, assisti a uma situação no mínimo hilariante. Dirijo-me ao balcão e apesar de não estar ninguém no atendimento, coloco-me na fila. Esperamos, esperamos e passados cerca de 10m entra o guarda daquele edifício, que muito vagarosamente apresenta o local de trabalho às duas recém estagiárias que entraram com ele. Vai ainda procurar alguém que lhes possa dar formação, devagar claro, enquanto eu e mais duas dezenas de pessoas continuamos à espera para ser atendidos. Resolvi aproximar-me e depois de um “bom dia" pergunto se alguém nos vai atender. Resposta muito calma da pessoa que entretanto já estava a dar formação “estou a passar o conhecimento às minhas novas colegas do trabalho, há-de-lhe atender”.  Imaginem a rapidez… Valeu-me o telemóvel com acesso à internet. Saí passados 40m e contentíssima por só ter de lá voltar daqui por 1 ano!

Tudo aqui é feito devagar e quando passamos a viver num país onde as situações burocráticas são tão diferentes e o funcionamento, ou melhor, o mau funcionamento é constante, há que ter a capacidade de não entrar em comparações sistemáticas com Portugal ou com um qualquer outro país desenvolvido. É muito simples, ou nos adaptamos a esta realidade ou vamos passar o tempo todo de testa franzida e inconformados.

Acontece diariamente com a Luísa, a nossa empregada, que aliás, ao contrário do que é habitual, é muito despachada e estamos muito satisfeitos por tê-la a trabalhar connosco. Há apenas um se não, por mais que eu diga que quando sai deve deixar as janelas fechadas porque de repente pode começar a chover, e as chuvas aqui são verdadeiras quedas de água, e que deve colocar o cadeado a trancar o portão, raramente o faz. Optei por deixar um papel escrito na porta, que lê obrigatoriamente antes de sair, e assim evito repetir o mesmo todos os dias… Funciona!

E vou-me adaptando devagar, ao ritmo desta Terra de África.